Qual a imagem que você tem do seu corpo? Como esta imagem faz você se sentir? Você já teve a sensação de estar em guerra contra o próprio corpo, como se você e ele fossem seres separados que não conseguem chegar a um acordo?
Esse é um sentimento bastante comum na maioria das mulheres em qualquer estágio da vida. Desde cedo, temos que lidar com padrões de beleza, cobranças sociais e a objetificação do corpo feminino, o que tem gerado números alarmantes de distúrbios alimentares e até doenças psicológicas, como depressão e ansiedade.
Hoje em dia já existem até programas de intervenção na auto-imagem corporal, como o The Body Project (Watson et. al., 2016)), que busca melhorar a relação de jovens mulheres com seus corpos, através de uma abordagem cognitiva, desconstruindo expectativas irreais e comparações sociais nocivas.
A terapia e análise psicológica também são ferramentas já comprovadamente eficientes no tratamento de distúrbios alimentares e problemas de auto-estima. Mas existe uma teoria muito bem fundamentada (Piran, 2015) sobre a necessidade de uma intervenção também mais prática, física, concreta, na busca de uma auto-imagem saudável e harmoniosa.
Afinal, para melhorar sua relação com seu corpo é preciso não apenas pensar melhor sobre ele, mas senti-lo de uma maneira mais positiva. E é aí que entra o YOGA.
Inúmeros estudos demonstram que a prática de yoga pode promover maior apreciação e aceitação do corpo (Boudette, 2006), melhora na consciência corporal, responsividade e satisfação (Daubenmier, 2005), além de diminuir a auto-objetificação (Mahlo e Tiggeman, 2016). Algumas evidências chegam até a sugerir que uma breve intervenção com yoga já pode levar a uma auto–imagem corporal mais positiva (Ariel-Donges et. al., 2018; Cox et. al., 2017).
Tais resultados são compatíveis com o raciocínio de que é preciso mudar a forma como se habita e se experiencia o próprio corpo para se ter um bom relacionamento com ele. O yoga propicia exatamente isso. Enquanto a prática de ásanas (posturas) ativa nossas vias sensoriais, os pranayamas (técnicas de respiração) induzem a níveis elevados de consciência e toda a filosofia do yoga nos leva a um auto-conhecimento essencial na busca do amor próprio.
No yoga, há um equilíbrio na valorização do corpo tanto por enxergá-lo como templo da alma e, por isso, digno de todo cuidado e atenção, quanto pela clara percepção de sua efemeridade e, portanto, apenas um meio para o objetivo final da iluminação e felicidade plena.
Já dizia Iyengar, um antigo mestre de yoga, “o corpo é o arco, o asana é a flecha, e a alma, o alvo”.
Imerso nessa filosofia, o praticante passa a incorporar um senso de justiça consigo mesmo e com o mundo, respeitando o tempo certo da evolução física e espiritual de cada ser, sem cobranças demasiadas, sem expectativas irreais, sem comparações, sem ansiedades.
Por isso, se você lida com questões decorrentes da desconexão com o seu corpo, experimente fazer yoga. Mas não uma aula ou duas, experimente viver o yoga. Praticar os ásanas, aprender as respirações, meditar, ler sobre. Acredite: ainda que lentamente, isso pode mudar sua vida.
Namaste.
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