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O papel do esporte na vida da mulher

Atualizado: 20 de out. de 2022

Ontem eu estava ouvindo o episódio novo do podcast da Obvius (Chapadinhas de Endorfina), sobre atividade física, exercício, esportes, etc... e me vi emocionada com o fone no ouvido.



Quando a gente fala sobre representatividade, tem a tendência de pensar em grandes - e importantíssimos - movimentos da comunidade LGBT, de pessoas pretas, do feminismo. Mas eu, dentro da minha bolha de privilégios, nunca tinha sentido na pele a sensação de ter minha voz representada no assunto a seguir.


Naquele podcast, três mulheres diferentes - uma que surfa todos os dias antes de trabalhar, outra viciada na aula de spinning da academia e uma terceira apaixonada por corrida - conversaram sobre o quanto a sociedade, de uma maneira geral, nunca nos incentivou a praticar esportes, muito menos os coletivos.


Eu, como corredora, ciclista de final de semana e apaixonada por esportes no mar, me vi um pouco em cada uma delas, e inteira, no discurso de todas.


Nunca pratiquei esportes coletivos. Sempre achei que fosse pela minha insegurança com times, minha timidez, meu nariz torcido para competições em geral. E com certeza também foi, um pouco. Mas nunca tinha percebido o quanto tudo isso tem menos peso no universo masculino.



Meninos batem pedala desde o dia que aprendem a chutar uma bola até a meia-idade, sem parar. Já as poucas meninas que jogam vôlei, handebol ou basquete na escola tendem a abandonar o esporte, em algum momento. Geralmente, naquele em que a aparência toma um espaço tão grande na nossa vida que se exercitar deixa de ser sobre diversão, e passa a ser sobre estética.


E aí não cabe mais o vôlei com as amigas, porque, no minúsculo intervalo entre estudos, tarefas e obrigações da vida, a gente se sente obrigada a fazer algo que não gosta, mas faz, porque "precisa emagrecer". E assim surge uma diferença abismal na proporção de homens adultos que jogam um futebol com os amigos x mulheres adultas que "não tem tempo" para esse tipo de recreação e, no máximo, se obrigam a ir para academia como um sacrifício para cuidar do corpo.


Muito doido né?


Eu sei que essa conversa possui diversos fatores e detalhes que nem precisam ser elencados aqui. Mas a verdade é: nossa relação com as atividades físicas é tão interna quanto estrutural. Padrões estéticos, cobranças no trabalho, na maternidade, machismo no esporte... tudo isso acaba interferindo numa escolha que devia ser puramente nossa.


Reflete um pouco sobre a sua trajetória nesse sentido. Você se sentia à vontade para praticar qualquer esporte enquanto criança? Se não, se já se perguntou por quê? Se sim, você pratica até hoje? Por que não?

Pois é. Mesmo eu, que cresci numa família onde havia esporte e incentivo, vivi um processo onde só comecei a correr na adolescência, quando o foco era exclusivamente emagrecer. Tive que passar por anos de compulsão alimentar, para, através do Yoga, conseguir ressignificar minha relação com a atividade física e com o meu corpo.


O podcast das meninas foi um quentinho no coração por me fazer perceber que todo esse processo não foi só sobre as minhas questões internas, mas toda uma estrutura social. E que bom que, hoje, cada vez mais mulheres tem aberto os olhos para isso e ajudado outras mulheres a se amarem antes, se conhecerem antes, e pensarem (ou não!) na própria aparência depois.


É libertador perceber que você pode fazer a atividade que quiser, com a idade que você tiver, para se divertir, para cuidar da saúde, para ter uma velhice funcional, para ver as amigas simplesmente. Hoje, eu me cuido e me exercito da forma que eu gosto, porque me amo e quero viver mais e melhor ao lado dos que amo também.


Foi um longo caminho. E reconheço que tive um contexto muito propício, inclusive. Além de sempre me incentivar a praticar qualquer esporte, minha mãe ainda foi a pessoa que me chamou e matriculou nas nossas primeiras aulas regulares de Yoga, a sementinha de uma nova percepção de vida.



Eu entendo que todas nós temos contextos de vida diferentes. A maioria bem desafiadora nesse sentido. Mas é preciso lembrar também que esse também é um processo tão estrutural quanto interno. Por isso, é preciso olhar para dentro, se conhecer, se amar de verdade, e descobrir o que te faz bem.


Como já coloquei no meu antigo Instagram uma vez (@amandadutras), repete comigo e faz disso um mantra:


Eu me exercito e cuido do meu corpo, porque me amo e sei que mereço.

Eu encontro formas divertidas de me movimentar para que seja um hábito sustentável, e não um sacrifício temporário.

Eu sou linda e isso nem vem ao caso, mas eu gosto de dizer.


Repetiu aí? Espero que sim!

Meu beijo e até a próxima reflexão.

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